Os donos do frigorífico JBS disseram em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato. A informação é do colunista do jornal “O Globo” Lauro Jardim.
Em nota, o Planalto informou que o presidente “jamais” tentou evitar a delação de Cunha.
O colunista também informou que o dono da JBS, Joesley Batista, gravou o senador Aécio Neves (PSDV-MG) pedindo R$ 2 milhões. E que a Polícia Federal rastreou o caminho do dinheiro, que depois foi depositado em uma empresa do também senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Veja o que parlamentares disseram sobre as reportagens.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado:
“Eu não tenho nenhuma informação, portanto, seria prematuro qualquer tipo de comentário. Vamos aguardar, para verificar e depois comentar, a partir do momento em que a gente tiver informação.”
Perguntado sobre se Temer tinha ligado para ele, Jucá disse que não.
Sobre se a notícia poderia prejudicar o cronograma de votação da reforma trabalhista, Jucá também afirmou que não. “As reformas serão votadas porque é uma prioridade do país. A questão é focar na recuperação do Brasil. A reforma trabalhista está caminhando bem aqui no Senado, a reforma da Previdência está evoluindo também nas suas explicações, no seu convencimento na Câmara dos Deputados, portanto, o cronograma das reformas continua. E essa questão política, vamos discutir.”
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, ao encerrar a sessão:
“Não tem mais clima para trabalhar.”
Aécio Neves, senador (PSDB-MG):
Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio Neves afirmou que o senador “está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”. “No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista (dono da JBS), ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários”, diz o texto.
Zezé Perrela, senador (PMDB-MG)
“Eu quero dizer para os que me conhecem e para os que não me conhecem que eu nunca falei com o dono da Friboi. Não conheço ninguém ligado a esse grupo. Nunca recebi de maneira oficial ou extra-oficial um real sequer dessa referida empresa”, declarou o senador.
“Estou absolutamente tranquilo. […] Eu espero que todas as pessoas citadas tenham a oportunidade de esclarecer a sua participação. O sigilo das minhas empresas, dos meus filhos, estão absolutamente à disposição da Justiça. Ficará comprovado que não tenho nada a ver com essa história. Eu nunca estive em Lava Jato e nunca estarei”, completou.
José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara:
“É muito grave. O Congresso não pode ficar silente frente a uma grandiosidade da denúncia. Nós vamos reunir PT, PC do B, Rede, PSOL, parte do PSB, PDT, as oposições todas e vamos pedir, imediatamente, a abertura do processo de impechment pela Câmara Federal. Não é razoável, não podemos ficar silentes. O clima aqui é de que o governo acabou. E nós temos que buscar uma saída para o país: ou é a renúncia ou é impeachment ou diretas já.”
Alessandro Molon, deputado federal (Rede-RJ):
“Acabei de apresentar um pedido de impeachment de Michel Temer com base nesse pedido de propina feito para manter o silêncio do preso Eduardo Cunha. E nós queremos que o processo seja o mais célere possível para que o Brasil fique livre dessa situação vergonhosa que é tê-lo na Presidência da República.”
Carlos Zarattini (PT-SP), líder do partido na Câmara:
“Nesse momento em que surgem essas gravações, esse governo não tem legitimidade para continuar governando. Chegou ao ponto final. O ponto final, se não for dado pela sua própria renúncia, será feito por esta Câmara e por este Senado através de um impeachment.”
Fonte:(http://g1.globo.com/politica/noticia/veja-repercussao-de-reportagem-sobre-gravacao-envolvendo-temer.ghtml)