Fiéis invadem Caetité para render louvor à Sant´Ana

Haja fé. A fé move montanhas e entope a cidade de carros. Carro para fazer inveja qualquer carreata de Zé Ladeia, Dr. Clarismundo e Binha. Carro do “Alto do Cristo” ao Lameirão. Caí na besteira de deixar o local meia-hora antes do show, possivelmente, de algum sertanejo, claro, enquanto já afinava os terríveis tambores, onde cada pancada no tambor detonava o pinguelim do ouvido e explodia a velha caixa torácica. Como medo de arrebentar os ossos velhos da caixa do peito resolvi cair fora do ambiente o quanto antes.

Olha que deixei o carro na feira-velha, na hora de sair fiquei 10 minutos esperando o rio de carros que vinha da Rua Nova. Quando deram folga, entrei no rio, mais adiante estava tudo lotado de novo: não podia descer a rua de Seu Durval, nem contornar à praça da feira-velha.Descambei Giripoca abaixo, 100 metros depois, mais rios de carros, antes mesmo da Pernambuco entrei numa rua estreita, com carros estacionados do lado e só consegui passar porque minha carteira não foi comprada e dobrei os retrovisores.

Na Barroquinha, todas a ruas apinhadas de carro até o Lameirão. Dei sorte quando vi alguma coisa se movendo na rua de Professo Alfredo, eram carros otimistas que acreditavam chegar à 2 de Julho. Acreditando também entrei na onda e quando alcei a rua de Mário Gil, despinguelei até o Mulungu. Lá, a briga por espaço era menor.

Dobrei à esquerda, esperei o sinal verde e quando ele apareceu engatei uma primeira, puxei pra segunda e rasguei numa terceira e sumi dali. Só reduzi a velocidade quando ia me aproximando dos Quebra.

Quando a zoada, rompedora de tímpano começou, que os fiéis chamam de show, eu já me encontrava há mais de 40 kms de distância. Fui dormir aliviado e com dó dos que ficaram e não tiveram a mesma inteligência que eu tive de sumir daquele inferno.

Sinceramente, nunca vi tanta prova de fé num só dia. Carro pras quinze bandas, fiéis saindo pela tangente. Nunca vi uma coisa daquela. Jamais seria capaz de imaginar tamanha devoção.

Graças a Deus sai com minha fé revigorada por eu já não mais acreditar que iria me libertar daquele nó cego, que eu conseguiria sair daquela sinuca de bico e, por puro milagre, graças à Sant´Ana eu consegui. .
Amém?

 

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Brasileiro da Bahia que gosta de escrever. Escritor/Jornalista que gosta de abordar o cotidiano do seu ângulo de visão.

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