O quadro “Independência ou Morte”, do pintor paraibano Pedro Américo, também conhecido como “Grito do Ipiranga”, é o principal símbolo da proclamação da Independência do Brasil, que é comemorada em 7 de setembro que, facilmente é encontrada nos livros didáticos visando ilustrar o 7 de setembro de 1822. A imagem, no entanto, não é exatamente uma fotografia do momento em que D. Pedro 1º recebeu a carta que o deixou irado e o levou a pronunciar a famosa frase: “Independência ou Morte”.
A carta que irritou Dom Pedro era das cortes portuguesas que pediam a volta imediata dele para Portugal. Dom Pedro não gostou da ideia e decidiu, então, proclamar a independência naquele exato momento.
Ocorre que a independência do Brasil foi proclamada em 1822, Pedro Américo pintou o quadro em 1888, em Florença, na Itália. A obra foi encomendada pela Família Real, que investia na construção do Museu do Ipiranga, hoje oficialmente chamado Museu Paulista, que fica em São Paulo (SP). A idéia era ressaltar a monarquia – que já estava cambaleando e caiu em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República.
O quadro mede 4,15m de altura por 7,60m de largura. Para construir o quadro o pintor fez uma série de estudos, uma vez que pintou 66 anos depois que o grito do Ipiranga tinha ocorrido.
Uma curiosidade que podemos observar no quadro é que na parte da extrema direita da tela uma pequena casinha servindo de pouso de tropas no “Caminho do Mar” que ligava São Paulo a Santos. Chama-se hoje Casa do Grito porque aparece na tela, mas, na realidade, data de meados do século XIX não fazia parte do cenário da Independência.
Pedro Américo, embora tenha recorrido a pesquisas para saber de forma exata ou bem próxima disso, o pintor recorreu sobretudo a sua imaginação para tentar recriar a histórica cena.
“O Grito do Ipiranga” é uma obra magnífica. Para que se pudesse ganhar a conotação pretendida, foram necessárias algumas consideráveis alterações ou mesmo substituições, consideradas “grosseiras” se forem comparadas ao que teria de fato ocorrido naquele fim de tarde de 7 de Setembro de 1822.
O que ver-se ao centro da cena, é D. Pedro I de espada em punho, muito bem vestido e montando um vistoso cavalo como se estivesse preparado para enfrentar a possível ira portuguesa, dando a sensação de poder, de herói, de liderança. A cena gira em torno dele, e que todos os demais estão a contemplar àquele que se tornaria o primeiro imperador do Brasil.
Pedro Américo procurou retratar a todos que acompanhavam D. Pedro, da mesma forma, em trajes esplendorosos e cavalos imponentes. Estes aspectos observados na tela destoam completamente do que fora a realidade, segundo o Cientista político e historiador brasileiro: O grito da Independência não aconteceu de fato às margens do Ipiranga como consta no quadro; D. Pedro, no dia, não se sentia bem devido a uma indisposição estomacal; a famosa Casa do Grito, um dos símbolos do Dia da Independência, pode não ter feito parte da proclamação, que não há comprovações de que ela existia na época. Seu primeiro registro é de 1884, 62 anos depois; o cavalo em que D. Pedro estava montado durante a viagem na verdade era uma mula, animal muito usado para longas viagens; nem D. Pedro e nem a comitiva estavam vestidos com os uniformes de gala que a obra exibe, que Pedro Américo buscou construir a imagem de um herói guerreiro, criador de uma nação e que a comissão do príncipe regente D. Pedro não era tão grande como aparece no quadro; Pedro Américo também é acusado de plagiar outro quadro histórico “1807, Friedland”, de Ernest Messonier, pintado em 1875 e que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome.
Pouco importa se o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, um dos símbolos mais famosos do 7 de setembro retrata ou não com fidelidade o que realmente ocorreu naquele dia, se o 7 de setembro de 1822 deveria ou não ser comemorado como a data oficial da Independência do Brasil, já que os últimos focos da resistência portuguesa caíram quase um ano após desta data, na província da Bahia, em 2 de julho de 1823. O que é válido nisso tudo, é o fato de que ali, à beira do Ipiranga, nascia, digamos que de forma oficial, não o desejo, este já existia por parte de alguns, mas a disposição de enfrentar as consequências de uma possível separação de Portugal.
Zé William. Fontes de pesquisa:
http://historiaporimagem.blogspot.com.br/2011/09/o-grito-do-ipiranga-independencia.html
http://pessoas.hsw.uol.com.br/ipiranga.htm