Desde março deste ano diversas manifestações têm acontecido na cidade chilena de Osorno após a nomeação de Juan Barros como bispo da diocese da região. A polêmica foi levantada já que Barros era colaborador próximo de Fernando Fariña, sacerdote obrigado a se aposentar em 2011 devido a diversas denúncias de abuso.
As vítimas do ex-sacerdote Fariña acusam Barros de ter agido de forma a encobrir muitos dos crimes. Até mesmo dentro das organizações católicas do Chile, a nomeação causou críticas e pedidos de renúncia. Os protestos semanais até agora não apresentaram resultado.
Em um vídeo captado no início de março, porém só divulgado no último final de semana, o Papa Francisco faz declarações em relação à situação em Osorno.
“Sou o primeiro a julgar e castigar alguém que receba acusações deste tipo. Mas neste caso não há prova alguma”, disse o líder religioso após uma questão feita pelo secretário-geral da Conferência Episcopal Chilena, Jaime Coiro.
Francisco argumentou mais na gravação, dizendo que a única acusação feita contra o bispo Barros foi “desacreditada em tribunal”. Ele ainda completou denunciando que as manifestações na verdade têm um cunho político e não religioso.
“Osorno sofre de maneira desnecessária. Usem a cabeça e não se deixem levar pelos esquerdistas”, comentou.
O vídeo foi realizado pelo argentino Rodolfo Sykora, que diz ter enviado o registro a Coiro de forma secreta. Ambos negam terem sido responsáveis pelo vazamento das imagens.
Marie Collins, diretora de uma ONG britânica e vítima de pedofilia feita por padres, confessou em entrevista à BBC estar “triste e desalentada” após a declaração do Papa. Por outro lado, o vice-diretor do departamento de imprensa do Vaticano, Ciro Benedittini, comentou que não haveria pronunciamento oficial a respeito do vídeo.