Na comparação com igual período de 2014, a variação do PIB também foi negativa (-2,6%). No acumulado dos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2015, o PIB registrou decréscimo (-1,2%) em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, verificado também no resultado acumulado do ano até o mês de junho (-2,1%), em relação a igual período de 2014.
No primeiro semestre deste ano o PIB caiu 2,1%, em relação a igual período de 2014, seguindo a variação negativa de 0,4% no semestre encerrado em dezembro de 2014.
Componentes do indicado foram majoritariamente negativos
Sob ótica da oferta, recuaram a atividade dos setores agropecuário (-2,7%), da indústria (-4,3%) e dos serviços (-0,7%).
Na indústria, a maior queda se deu na construção civil: retração de 8,4%. A indústria de transformação (-3,7%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,5%) também recuaram no segundo trimestre do ano. Já a extrativa mineral registrou variação positiva de 0,3%.
Nos serviços, administração, saúde e educação pública (1,9%) e atividades imobiliárias (0,3%) apresentaram resultados positivos. As demais atividades sofreram retração em relação ao trimestre imediatamente anterior:comércio (-3,3%), Transporte, armazenagem e correio (-2,0%), serviços de informação (-1,3%), outros serviços (-1,0%) e intermediação financeira e seguros (-0,2%).
Pela ótica da despesa, a formação bruta de capital fixo (investimento produtivo) registrou o oitavo trimestre consecutivo de queda nessa base de comparação: – 8,1%. A despesa de consumo das famílias caiu 2,1%, recuo pelo segundo trimestre seguido. Já a despesa de consumo do governo cresceu 0,7%, em relação ao trimestre imediatamente anterior.
“Nos preocupa sobremaneira a queda na formação bruta de capital fixo que tombou 8% no último trimestre contra o 1º deste ano. Nos preocupa, mas não é uma novidade. O ajuste [fiscal] está sendo recessivo e neste sentido o investimento teria necessariamente que cair ainda mais na esteira da queda da Eficiência Marginal do Capital, ou seja, da percepção dos empresários sobre a evolução das suas vendas futuras. No terceiro trimestre o ajuste será ainda mais severo no consumo das famílias na esteira do aumento do desemprego já verificado”, analisa André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram aumento de 3,4%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 8,8%, em relação ao primeiro trimestre.
2º trimestre de 2015 versus 2014
Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou contração de 2,6% no segundo trimestre de 2015. O valor adicionado a preços básicos caiu 2,1% e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios recuaram em 5,7%.
O resultado da agropecuária (1,8%), no segundo trimestre de 2015, em relação a igual período do ano anterior, pode ser explicado pelo desempenho de alguns produtos que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE – julho 2015). Com exceção do café e do feijão, que apresentaram queda de produção de 2,2% e 4,1% respectivamente, os demais produtos com safra neste trimestre registraram ganho de produtividade e crescimento: soja (11,9%), milho (5,2%), arroz (4,4%), mandioca (2,3%) e cana de açúcar (2,1%).
A indústria sofreu queda (-5,2%), com a indústria de transformação apresentando contração de 8,3%. Esse resultado foi influenciado pelo decréscimo da produção de máquinas e equipamentos; da indústria automotiva; produtos eletrônicos e equipamentos de informática; insumos da construção civil e produtos derivados do petróleo.
A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou queda de 4,7%, puxada pela redução do consumo não residencial de energia elétrica. A construção civil também apresentou redução no volume do valor adicionado de 8,2%. Já a extrativa mineral, por sua vez, cresceu 8,1% em relação ao segundo trimestre de 2014, influenciada tanto pelo aumento da extração de petróleo e gás natural como também da extração de minérios ferrosos.
O valor adicionado de serviços caiu 1,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 7,2% do comércio (atacadista e varejista) e de 6,0% de transporte, armazenagem e correio, puxado pelo decréscimo do transporte e armazenamento de carga. Também apresentou decréscimo a atividade de outros Serviços (-1,9%).
Registraram resultados positivos as atividades imobiliárias (2,8%), administração, saúde e educação pública(0,6%), os serviços de informação (0,5%) – atividade esta que inclui telecomunicações, atividades de TV, rádio e cinema, edição de jornais, livros e revistas, informática e demais serviços relacionados às tecnologias da informação e comunicação (TICs) – e, por fim, intermediação financeira e seguros (0,4%).
Taxa de investimento e poupança também recuam
O Produto Interno Bruto no segundo trimestre de 2015 totalizou R$ 1,43 trilhão, sendo R$ 1,22 trilhão referentes ao valor adicionado a preços básicos e R$ 209,4 bilhões, aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. Esse valor que permite medir o valor criado por um agente econômico adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante o processo produtivo. Em uma empresa, o valor adicionado é a contribuição adicional de um recurso, atividade ou processo para a fabricação de um produto ou prestação de um serviço.
Considerando o valor adicionado das atividades no trimestre, a agropecuária registrou R$ 76,1 bilhões, a indústria R$ 263,6 bilhões e os serviços R$ 879,2 bilhões. Entre os componentes da demanda, a despesa de consumo das famílias totalizou R$ 896,1 bilhões, a despesa de consumo do governo R$ 298,3 bilhões e a formação bruta de capital fixo (investimento produtivo) R$ 254,2 bilhões.
A taxa de investimento no segundo trimestre de 2015 foi de 17,8% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (19,5%). A taxa de poupança foi de 14,4% no segundo trimestre de 2015 (ante 16% no mesmo período de 2014).
Para Perfeito, da Gradual, a taxa da poupança está caindo em proporção do PIB, o que é óbvio, pois poupança é função da renda. “O ajuste irá continuar recessivo e os dados do segundo trimestre devem ser encarados com tranquilidade, afinal uma economia que já mostrava sinais de fadiga no ano passado fazer um ajuste monetário e fiscal simultâneo só poderia ter como efeito líquido a queda ainda maior do PIB. O ajuste está sendo nos salários reais e no câmbio – e os dois ajustes estão em curso”, avalia.