O Silêncio dos Inocentes

etanol_exploração_João-ZinclarHaitianos chegam ao Brasil, maioria em São Paulo,  tem acomodação decente, três refeições decentes e cursos profissionalizantes de qualidade.

Nordestinos que carregaram  e carregam  São Paulo nas costas nunca tiveram  uma assistência do governo, nem em São Paulo e muito menos na região de origem.

Comissão de  Direito  Humanos defende  homossexual e negro ricos, presidiário  e delinquente de menor idade, mas não aparece sequer  um representante dos Direito Humanos para defender , libertar e dá dignidade aos nordestinos escravizados  nos canaviais das usinas cujo modelo de relação trabalhista  reproduz um modelo do século XVII, onde os cortadores de cana vivem à margem da lei e trabalham até o limite da exaustão.

Os trabalhadores moram  em condições precárias, semelhantes a do trabalho escravo, dormindo em alojamentos que são, geralmente, barracos ou galpões improvisados, superlotados, sem ventilação ou condições mínimas de higiene e ainda pagam pela hospedagem.

De forma a agravar mais ainda a situação laboral do cortador de cana, não há fornecimento de equipamentos de proteção individual para os cortadores (como luvas e perneiras). Dessa forma, a proteção acaba por ser improvisada pelos próprios trabalhadores.

Outro problema que os trabalhadores canavieiros enfrentam refere-se ao transporte até os locais de trabalho, que é geralmente feito através de caminhões de propriedade dos agenciadores de mão-de-obra e não através de ônibus apropriado para o transporte de pessoas. Na maioria das vezes, esses seres humanos são tratados como carga e seu transporte é feito por motoristas inexperientes, até inabilitados, em veículos que, além de inapropriados, tem sua manutenção raramente realizada.

A carga laboral dos cortadores de cana é exaustiva, corta 12 toneladas em um dia, caminha, nesse dia de trabalho, 8.800 metros, despende 133.332 golpes de podão e carrega as 12 toneladas de cana em montes de 15 kg. Para isso, tal trabalhador realiza 800 trajetos e 800 flexões, levando 15 kg nos braços por uma distância de 1,5 a 3 metros. Faz, também, aproximadamente 36.630 flexões e entorses torácicos para golpear a cana e perde, em média, 8 litros de água por dia.
Os valores da tonelada de cana cortada variam entre R$ 3,80 e R$ 4. E o piso salarial mensal, regional, varia entre R$ 775 e R$ 840 para uma jornada semanal de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h20.

Os cortadores de cana são nordestinos. Povo  do Sul e Sudeste  do país não se interessa por esse tipo de trabalho por ter  outras opções.
Em virtude dessa exigência física intensa, o trabalho canavieiro gera uma série de limitações e debilitações na saúde dos trabalhadores rurais. Entre elas, destacam-se: dores na coluna vertebral, dores torácicas, lombares e de cabeça, tensão nervosa (stress), dermatites, conjuntivites, desidratação, dispnéia, infecções respiratórias, oscilações da pressão arterial, desidratação, ulceras, hipertensão, alcoolismo. Quando se aproxima o final da temporada eles  procuram produzir mais e acabam morrendo de estafa.  Entre as safra de 2004 e 2008 morreram 21 trabalhadores  por exaustão.

Valeu por ter chegado até aqui. É isso!

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Brasileiro da Bahia que gosta de escrever. Escritor/Jornalista que gosta de abordar o cotidiano do seu ângulo de visão.

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